quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Fragilidade noturna


A noite estava escura. Meus pensamentos voavam soltos pela lua, perseguiam estrelas, sobrevoavam o mar, e os olhos calados deixavam as gotas d’água dançarem por minha face, escorregarem pelas maçãs pálidas e morrerem nos lábios secos.
O quanto mais custaria até que o coração vibrasse? O quanto mais duraria até que a vontade cessasse? O quanto mais eu choraria para que a inspiração chegasse? SOLIDÃO. E NADA A DIZER.
Ao mesmo tempo em que a dúvida corria por dentro da minha mente com a ansiedade de quem espera o ânimo da vida, eu amarrava minhas pernas contra mim mesma e segurava a vontade de libertar meus sentimentos dentro das mãos apertadas. Não. Não vou me render a esse instinto maligno que me quer dominar. NÃO. Eu sou minha, e tenho orgulho disso. Sou forte e independente. Sou mulher.
Sou mulher. Sou também carente e manhosa. Sou também intuitiva e sincera. Sou humana. E isso não é culpa dos hormônios.
Inquietude. Mais lágrimas. Agora o chão era muito sensível. Agora o céu era muito baixo. As idéias iam à lua e voltavam a minha cabeça em uma questão de segundos. Eu as mandava embora, elas retornavam insistindo na reconciliação. A oficina do pensamento já tinha ocupado todas as suas ferramentas e eu ainda não tinha desaparecido com esse trabalho extra. Estude menina, trabalhe menina, leia menina.
Já era dia. Os olhos molhados ainda não tinham descansado. O sol definitivamente não queria receber nada que viesse de mim. Este me olhava com desprezo e secura. Não precisava dele. Sou mulher. Sou forte e resistente. Sou orgulhosa e exigente.
Sou mulher, sou também fraca, sou carente. Sou altamente incoerente. Sou imprecisa. E sim, sou dependente. E me entrego à vontade que parte do fundo de mim, de uma deusa que nem eu conheço. Telefone. Perdão. Felicidade hipócrita.