terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Do inconsciente


Eu começaria por onde a imaginação me permitisse. Se não fosse pedir demais, minhas histórias nasceriam dos poros de um raio de sol que iluminasse meu caminho e esclarecesse minhas idéias. Eu quero arrancar minha história pela raiz da criatividade e comer os frutos da fertilidade mental.
Faz tempo que não fico acordada até tarde, há tempos não escrevo um texto sem pensar, apenas desenhando no papel as letras que me vêem à cabeça. Eu não escolho as palavras, mas algo que brota dentro de mim expira espontaneidade e me impede de pensar no que escrevo. Ainda bem. Meu pensamento é inimigo da concordância de minhas idéias. Sempre que penso estrago tudo, quando as palavras brotam de mim direto para o papel não são crivadas pela rede furada que é meu pensar, minha consciência. Meu pensamento, ao contrário de outros, omite o que sinto; dá preguiça às mãos e impede que eu transcreva com fidelidade a vontade do meu ser.
Quando escrevo por escrever, tal como agora, sai do meu coração um fio de lã, este se desenrola e desfaz todo o novelo, desencadeia e liberta as amarras com as quais a consciência me trava. Meus instintos literários se desenvolvem em uma causa desconhecida que nasce no inconsciente. Ah, como ensejo encontra-la. Este meu inconsciente ainda esconde o que há de mistério e tensão em mim. Palavras estas, que são proferidas do íntimo de minha alma e partem para o papel são os segredos que guardo de mim mesma. O texto torna-se um desconhecido para a própria autora.
Oh consciência, eu te peço, mantenha essa característica sedutora de meus vocábulos. Que quando eu escreva, como agora, apenas por escrever, o mistério do léxico e de sua coerência ainda me encante, e que ainda me permita pelas minhas vontades.

--------------------------------------------------------------------------

Foi escrito a mão num estado pré-sono, senão já sono, às 02 da manhã de uma sexta-feira.

Beijos

Um comentário:

Fóssil disse...

Me lembrou bastante as minhas próprias madrugadas insones deixando as palavras fluírem pro papel.

Adorei, Tatá! Ótima metalinguagem!